Eu passeava no teu olhar.
Me olhavas aqui e ali
seguia-me.
Aquele teu olhar gatuno
que a cada mirada transbordava de um desejo diferente.

Marias(poeminha)

São branquinhas ou morenas
engraçadinhas ou não.
Me dão carinho,me pedem um xodó
mas muita das vezes querem só a minha atenção.

Há Marias de sangue e Marias de coração
e há também aquela Maria
que chegou devagar,
masinha como aquele mar
me fazendo tranbordar de paixão.

Lição número um.

Na escola eles te ensinam a pensar.


Vejamos:

A soma dos catetos sobre a hipotenusa ao quadrado é igual a pensamento simples, sem muita relevância.

claro!

Acordou,
olhou rapidamente para o relógio.
pés no chão,caminhou ligeira até o banheiro.
não podia perder,claro!
Era um grande dia.
Abriu a torneira,água.
sentiu os pingos,
um por um molhando-a por inteira,
não podia não sentir,claro!
Era um grande dia.
Trancou a porta,
-Seja o que deus quiser!dizia
entrou num ônibus,
dois.
Estrada sem fim.
Mas não se importava
não podia se importar,claro!
Era um grande dia.
Enfim chegou,olhava atenta,coração acelerado
subiu as escadas e lá estava ela,radiante!
sorriram então,era a primeira vez.
Alguns cumprimentos,pessoas simpáticas,
partiram.Mas o nervosismo resolveu permanecer
pra assegurar-se que tudo daria certo.acreditei.
Não haveria de não dar,claro!
Era um grande dia.
E o tempo passa.
Poderia não passar.
pensava
Estavam na beira,finalmente os dois lados se encontram.
os dois lábios também.
não pensava,
sentia
que o amar era pouco pra tanto querer.
E não podia não sentir,claro!
Foi o grande dia!

Só o meu coração só.

Senhoras e senhores, este é o ensaio geral da minha vida..
O esquema pronto. As luzes. A trilha. As marcações.
Ó meu respeitável, é aqui. Agora.
Eis meu coração, meu singelo e pequenino coração, inteiro.
Antes dos aplausos, aqui continuará ele, em cacos e despedaço.
Num simples ensaio geral..Sem lenço, sem documento.
Sem pulsar.O meu coração, bem aqui..
Talvez, irreconhecível.
Músculo cardíaco picotado.
Antes que a cortina se feche.
Este é só o ensaio geral de mim...
E este, só, o meu coração.

Eu passava todos os santos dias pela tua casa
e você da sacada ficava a me olhar.
Por de trás da janela acortinada
minha dama se punha a ficar.
A vontade de vê-la aumentava e não podia apenas passar,
fiz então da sua calçada morada,
onde ficava a chamar
para que ouvisse meus apelos
e da sacada voltasse a me olhar.

Amar passou a ser andar de bicicleta com as pernas alheias...

Me destes o prazer de ser observada
ainda que por segundo,
pelos seus olhos ingenuos
atentos aos meus movimentos.
Eu sorria,tremula
ao perceber menina,
o prazer que me destes.

por demais.

Para quem nada tem,
meio
é mais do que se pode suportar.

Um ponto.

Enquanto você se distrai
Vou correndo contra tudo
Refazer a estratégia
Não penso em culpar o tempo
São apenas meus os lamentos
Sinto muito

Sinto muita saudade...

-ela dizia:

Dos
teus
perjúrios
não
quero
mais.

ROMPER.

Ela me falava de seus medos,seu apego,sua vida

e ela me contava suas histórias,fantasiadas em demasia.
me olhava de um jeito belo quando eu sem perceber me afogava em seus abraços,
em noites de frio seus pés entrelaçavam-se aos meus e seu corpo era meu cobertor.
e mais uma vez me falava de seus medos,que eram tantos.
me cobria de carinho e por inteira me beijava sem cessar,
mas ao fim da noite me dizia com certo ar de ironia
que não estava apta a me amar.
e eu então sorria com um falso ar de alegria,
te pedindo pra parar.

Carta ao Marinheiro

se
existe
bem
maior
que
amar ,
DESCONHEÇO.

Por você, meu amor é cruel
Despedaça-me a cada palavra que o declara
De mim, tens toda a certeza de verdade
Não quero força
Nem paixão medida
Quero crer que tenho a ti por inteiro
A cada manhã e anoitecer
Sem precisar ser dona do que és
Ou do teu próprio querer
Quero chamar teu nome baixinho
Ao pé do ouvido
E ouvir teu respirar no peito meu
Ser tua luz
Ser teu fogo
E só ser tua.

Carta dentro do baralho.

Eu sou aquela que espera por um pedido formal, coisa a toa,mas que me encante ainda mais o coração. A mente diz-É sentimento separado por quilomentros,mas a alma insiste em dizer também-Que seja! É SENTIMENTO.
Que queres de mim pequena menina? Amor pra sempre lembrar? E se for nós duas,se for pra valer, digo sim e por que não?

Indo assim...
por falta de gosto.

estranhacerteza.

É saber que pela manhã
terei o seu bom dia
em plena aula de química
só pra arrancar um sorriso meu.
É torcer pra que o automóvel
seja ligeiro,só pra em casa logo chegar,
comer depressa,só pra em frente a tela sentar.
É passar todas as tardes
levando até os dedos tudo o que o sente o coração
guardando tuas palavras inteiras em minha mente.
É saber que se fazem necessárias
a junção de sílabas e pronomes
para que entendas meu amor,
a estranheza dessa vontade.
É,acima de tudo
ter a certeza que quando um encontro houver
a ausencia de palavras reinará plena entre nós
pois naquele instante,
se fará necessário apenas os nossos olhares
e o teu sorriso,adentrando minha alma,
transbordando de emoção.
e tuas mãos perenemente segurando as minhas mãos.

Ameninadepeitoaberto.

Nem morena nem branca,
nem alta nem baixa,
cabelos escuros clareados,
sapatos vermelhos quase esverdeados.
Sentada perto ao bosque de cores vibrantes
se encontra a menina de peito aberto,
ao passar,todos esbarram em seu grande frágil coração
e nele,vão deixando suas marcas.
Um velhinho tom de azul ao passar
calmamente pelo caminho alaranjado
que o levava até aquele bosque
se depara com todo aquele músculo fora do peito
e a passos lentos,senta-se perto da moça,
ensaia uma pergunta e a lança no ar
como pássaro livre da gaiola:
-Tens um grande coração senhorita,mas o deixa fora do peito,não tens medo de perde-lo?
E a moça de olhos furta cor responde de subito:
-São tantas as feridas nele contidas,
que essas dores
no peito não cabem mais
e acredite caro senhor,
essas feridas foram feitas pelo avesso de um rapaz.

quartotompastel.

Uma pequena multidão de pessoas
tenta de qualquer maneira
observar o que se passa naquele quarto.
Ouve-se gritos,
mas estes não são de dor.
Eles se esforçam
para ajudar ao máximo
porém o corpo continua ali parado
apenas a resmungar.
No canto esquerdo do quarto tom pastel
uma menina passa desabercebida,
ela tem os olhos fixos ao leito ali exposto,
e como vitrine,
todos o observam
remoendo sensações das mais variadas.

E lá estava ela...
deitada sobre a sua soberania.

e lá ela estava...
estabelecendo novas regras
(as suas regras)
para aquele quarto tom pastel.

Do alto do teu pedestal,
zombas de mim e das minhas dores.
O teu reflexo chega a me ferir
e cruelmente o faz visível,
para que eu,tola
veja
que do alto de tua esquizofrenia

esqueces plenamente de mim.

E os pensamentos voam longe,
bem depois da ponte,
aonde eu vou pra te encontrar.

E os desejos corroem por dentro,lento
só pra me provocar.

Fazendo da beira o meu abrigo,
eu vou atrás do teu sorriso,
o que nos separa
é o mar.

E os desejos corroem por dentro,lento

só pra me provocar.

Sono.

Eu passo por todos os lados da casa,

Enquanto ele não vem.

As gotas que se debatem na janela me distraem

Brinco com meu travesseiro, traiçoeiro.

E ele não vem.

Não dá sinal.

Não tem dó de mim.

Mais horas correm.

Eu vou ficando apertada entre ontem e quase hoje

Suspiro.

Acalmando cada pedacinho de mim

Chamando aquele senhor

Mas ele não veio.

Veja bem meu amor,

a lua está chamando lá fora.

Deixa as cobertas e vem pra janela,

eu quero ver o vento brincar com teus cabelos,

teu sorriso cheio de brisa.

Quero ver-te na ponta dos pés,

debruçada sobre o parapeito

segurando de leve a minha mão

por medo do mundo lá embaixo...

ou apenas por amor.

Afinal.

Do quintal eu posso ver

a vida que escoa ligeira lá fora.

Relógio,ritmo,rua...

tudo passa rápido depois daquele portão.

Pessoas,placas,pensamentos...

tudo se confunde,se estranha.

-Estranho!-dizem.

Mas depois do portão tudo é novo e incerto.

E eu,tal como quem vive no inverso,me ponho a retrucar.

-Estranho!?Estranho é provocar anseios alheios sem a pretensão de realizá-los.

Decidem então: -Portão de madeira,sem vista pra rua!

E a paz volta a reinar cega no nosso quintal.

Páginas.

Deixo as últimas páginas livres

para que nelas eu possa ilustrar

um pensamento qualquer.

Deixando-as livres e brancas tais como são,

vez por outra rasgadas por palavras

que escorrem densas por entre as linhas,

forte por entre os dedos,

ora palavras soltas,confusas,

ora breves e organizadas entre si.

Apenas palavras e linhas,

afogadas na alvidez daquelas últimas páginas.

Éco.

O que me falta é cor...
É cor..
É cor...
É cor...
É cor...
É cor...
É cor...

É cô.
Éco.

Avesso

O que eu sinto é coisa pouca,
coisa pequena,sem importancia ou relevância,
pouca,pequena e sem relevância.

O que tenho é coisa,muita.
Numerosa,desejada,procurada.
coisa muita meu senhor.

O que procuro?é o avesso ora pois.